O esporte é uma poderosa ferramenta de transformação social, apresentando diversos benefícios tanto para o indivíduo que o pratica quanto para a comunidade à sua volta. Socialização, respeito, cooperação e inclusão de minorias na sociedade são algumas das vantagens que podemos obter ao incentivar a prática de esporte.
Entretanto, segundo pesquisa da Ipsos, dentre os 29 países ouvidos, o Brasil apresenta menor índice de adesão ao esporte. A média semanal de atividades físicas é de 3 horas, metade da média mundial. E os principais motivos alegados são a falta de tempo e de dinheiro.
Por isso, neste artigo, vamos explorar desafios e soluções para uma maior adesão à prática esportiva. Além disso, vamo ver como o investimento social de empresas pode contribuir para a pauta, principalmente nas comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Desafios da democratização do esporte
Pode parecer estranho, mas o esporte e outras atividades físicas relacionadas ao bem-estar não são tão democráticas quanto parecem ser. Existe uma parcela da população brasileira que enfrenta barreiras diárias relacionadas à falta de infraestrutura, falta de tempo e de recursos financeiros para a prática de atividades esportivas. A seguir, vamos entender um pouco mais sobre alguns dos fatores que impossibilitam uma adesão ao esporte.
Baixa infraestrutura e falta de recursos financeiros
Ao contrário do que se pensa, o esporte não é apenas uma prática de lazer. Para inseri-lo no cotidiano é preciso ter acesso a professores, educação, tempo livre, treinamentos físicos e, principalmente, estrutura. O acesso limitado às instalações esportivas, a falta de equipamento adequado e os altos custos associados ao esporte são obstáculos quase que intransponíveis para a população de baixa renda.
Muitas comunidades carecem de infraestrutura adequada para a prática esportiva, como quadras, campos e academias. Além disso, mesmo quando elas existem, muitas vezes há custos associados, como taxas de adesão ou aluguel de equipamentos. Esse cenário acaba dificultando a participação regular dessa população em atividades esportivas.
A distância entre a residência e o local de treinamento também pode ser desafiador. Neste caso, para além do tempo de viagem, fatores como a falta de transportes acessíveis e de recursos financeiros também influenciam para que o esporte não seja uma realidade na vida dessas pessoas.
Outro ponto importante é a escassez de programas esportivos organizados e treinadores específicos nessas comunidades. Isso limita ainda mais as oportunidades de participação.
Falta de tempo e baixa qualidade de empregos
A prática esportiva torna-se ainda mais difícil de ser alcançada pelas populações vulnerabilizadas quando o assunto é o tempo hábil para tal. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), além da escassez, a qualidade dos empregos continua a ser uma preocupação crítica. Frequentemente, essa população aceita qualquer tipo de trabalho, muitas vezes com salários muito baixos e horários inconvenientes. Além disso, a fim de terem mais qualidade de vida, essas pessoas acumulam empregos, realizando jornadas duplas – ou até mesmo triplas – de trabalho. Esse cenário faz com que a prática esportiva seja o último item na lista de prioridades no cotidiano das populações vulnerabilizadas.
Ademais, outro aspecto importante neste quadro é o tempo de locomoção dentro das cidades. A Pesquisa Viver em SP: Mobilidade Urbana, realizada pela Rede Nossa São Paulo e o Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o Ipec, mostra que o tempo médio de deslocamento de carro na cidade de São Paulo pós-pandemia é de 2h26min.
O cenário não é muito diferente quando analisamos outras cidades do território nacional. Considerada a quarta cidade no mundo com maior tempo médio de viagem no transporte público, o Rio de Janeiro registra 67 minutos de deslocamento de um ponto a outro, segundo relatório do Moovit. Sendo assim, se fossemos considerar que esse tempo refere-se à viagem entre a residência e o local de trabalho, poderíamos dizer que as pessoas que moram no Rio de Janeiro e utilizam transporte público ficam 2h14min todos os dias no trânsito.
Investimento Social como ferramenta de democratização do esporte
Para incluir o esporte no cotidiano das pessoas em situação de vulnerabilidade social, é preciso oferecer a elas condições de sustentar a prática ao longo do tempo. Dessa forma, o investimento social no esporte, seja por verba direta ou incentivada, pode ser uma ferramenta eficaz para garantir que todos tenham acesso igualitário às oportunidades esportivas.
Empresas que mobilizam recursos para a causa ajudam a maximizar o impacto das iniciativas sociais que atuam como catalisadoras da democratização esportiva no Brasil. Ou seja, essas empresas têm grande influência na melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda ao disponibilizar recursos e subsídios para o esporte local.
Formas de utilização do investimento social para o esporte
Por meio da prática de investimento social as empresas podem, por exemplo, fortalecer ou implementar programas esportivos nas comunidades. Dessa forma, a empresa proporciona acesso facilitado ao esporte, diminuindo a distância entre a residência e o local de treinamento. Ações como esta tornam realidade o acesso à prática esportiva, inclusive para pessoas com deficiência, e incentivam a população na adoção de um estilo de vida mais saudável.
Entretanto, é importante que líderes e gestores de responsabilidade social corporativa levem em consideração as necessidades locais das comunidades onde desejam atuar. Há diversos cenários para se trabalhar, pois cada região apresenta uma demanda social diferente. Em um lugar onde existem quadras esportivas, pode não haver equipamentos de qualidade, por exemplo. Neste caso, pode não fazer sentido a construção de um novo espaço, mas, sim, o investimento em uniformes, chuteiras, bolas, e por aí vai.
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Este texto faz parte da campanha #PraFalarOAnoTodo, uma iniciativa da Simbi que visa a conscientização sobre pautas sociais relevantes em datas extraoficiais. Essa campanha tem o intuito de fazer com que discussões importantes sejam vistas e debatidas em mais momentos ao longo do ano.