No Brasil, a luta pela inclusão de pessoas com deficiência é constante. E, apesar dos avanços legislativos e sociais ao longo dos anos, ainda enfrentamos uma série de desafios que limitam sua plena participação na sociedade. Desde a infraestrutura urbana até o mercado de trabalho, as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência são variadas e complexas.
Neste contexto, o investimento social se mostra uma ferramenta fundamental na promoção da inclusão e acessibilidade dessas pessoas. Quando direcionados de forma estratégica, os recursos de verba direta ou incentivada podem impactar positivamente suas vidas ao encontrar saídas para os problemas atuais.
Neste artigo, vamos explorar os principais desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência no Brasil e como as empresas, por meio do investimento social, podem contribuir ativamente na construção de uma sociedade mais inclusiva e acessível para todos.
Desafios da inclusão e acessibilidade
Segundo a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, estabelecida pela Assembleia Geral da ONU em 2007, pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo. Isso significa que de forma física, mental, intelectual ou sensorial as condições de vida dessas pessoas não estão em pé de igualdade com a vida das demais.
Ou seja, pessoas com deficiência têm muito mais dificuldade de executar tarefas do seu cotidiano pela falta de preparo e conhecimento das pessoas ao seu redor acerca das suas realidades. Esse quadro acaba se refletindo na ausência de estruturas adequadas, por exemplo, para sua locomoção. Os problemas, porém, não se restringem apenas à inacessibilidade de transportes públicos ou a falta de banheiros adaptados.
Segundo o IBGE, em 2022, a taxa de analfabetismo para as pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto que, entre as pessoas sem deficiência, essa taxa foi de 4,1%. No mesmo ano, apenas 29,2% das pessoas com deficiência tinham participação no mercado de trabalho. Esse número representa cerca de ⅓ da participação das pessoas sem deficiência no mesmo período.
É por conta das barreiras e desafios que a própria comunidade ou apoiadores da causa se organizam diariamente, por meio de projetos e organizações sociais, para mobilizar as estruturas da nossa sociedade. Assim, pouco a pouco, muda-se a realidade atual e constrói-se uma em que todas as pessoas tenham condições equivalentes de mobilidade e qualidade de vida.
Empresas como agentes de inclusão e acessibilidade
O segundo setor tem grande influência nas mais diversas esferas da nossa sociedade, sendo capaz de mobilizar recursos e pessoas para transformar realidades. Seus esforços podem ser aplicados tanto para a comunidade ao seu redor, quanto para os seus funcionários, fornecedores e demais stakeholders presentes em seu cotidiano.
Além disso, ao direcionar recursos para iniciativas que promovem a igualdade de oportunidades, o segundo setor não apenas cumpre um papel social. Este também se torna um pilar de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Investimento Social como ferramenta de inclusão e acessibilidade
A prática de investimento social privado (ISP), seja por verba direta ou incentivada, é uma das saídas para avançarmos na pauta de inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência (PcD). Por meio dela, é possível transferir, de forma estratégica, recursos de impacto para projetos e organizações sociais que contribuem de forma positiva para o tema.
Com o ISP, as empresas podem facilitar parcerias e colaborações entre organizações da sociedade civil, setor privado, governo e comunidade. Assim, promove-se de maneira holística a inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência.
Essas parcerias podem possibilitar a participação ativa de PcDs em atividades comunitárias, culturais, esportivas e recreativas. Isso pode ajudar a construir redes de apoio, fortalecer a autoestima e promover a integração social entre todos.
Por exemplo, suponha que as pessoas com deficiência visual de uma comunidade enfrentam desafios de locomoção pela falta de bengalas. As empresas podem destinar recursos para projetos que não somente ofertam esse instrumento, como também desenvolvem ações de letramento. Assim, é possível ensinar a todos, por exemplo, a identificarem indivíduos com baixa visão, cegos ou surdos e cegos por meio da cor das bengalas.
Outra forma de contribuir é identificar os desafios enfrentados pelos estudantes ao longo do processo de aprendizado. Será que deficientes visuais têm acessos a livros em braile? E como os professores da escola local acolhem os estudantes surdos? Essas e outras perguntas servem como uma bússola para a resolução de problemas de inclusão e acessibilidade nas escolas. Além disso, mostram exatamente para onde o segundo setor deve destinar seus recursos de impacto.
Como potencializar os resultados do investimento social
Para maximizar os resultados dessa prática, as empresas podem direcionar os recursos de maneira mais assertiva e alinhada com as necessidades reais desse público. Assim, torna-se mais fácil resolver os problemas sistêmicos enfrentados diariamente por essas pessoas. Isso porque a solução deixa de ser apenas uma especulação e se torna algo palpável.
O Mapa de Demanda Social (MDS) é a nova ferramenta da Simbi que mostra às empresas quais são essas necessidades a nível regional. O MDS reúne dados como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) e a análise dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Seu objetivo é possibilitar que as empresas tenham visibilidade do panorama social geral dos lugares onde desejam investir. Assim, contribui-se para o bem-estar social de uma maneira mais eficaz e assertiva. Você pode conhecer mais sobre essa ferramenta clicando aqui.
Este texto faz parte da campanha #PraFalarOAnoTodo, uma iniciativa da Simbi que visa a conscientização sobre pautas sociais relevantes por mais tempo ao longo do ano.